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  • Rafael Consentino

A Desindustrialização do Brasil



Fenômeno complexo e de alguma maneira um desdobramento da reorganização mundial da produção, a desindustrialização do Brasil é um processo em curso.


Mais do nunca é necessário compreender que a relação entre produção, tecnologia e capital financeiro representam o que há de mais sensível na questão sobre manter ou não uma planta industrial em determinado país.


Elementos como valor da força de trabalho, custo de matérias primas, mercado consumidor interno, política fiscal e incentivos governamentais e a concorrência entre empresas do mesmo ramo, definem o aspecto mais tradicional da " política industrial".

Porém, investidas ligadas ao mercado financeiro, em mercados de seguros, imóveis e muitos outros derivativos mostram que indústrias multinacionais ganham, por vezes, mais dinheiro especulando do que produzindo de fato.


Por isso o jogo é complexo e não devemos separar estes dois polos ( produtivo e financeiro). É no meio desse jogo que malabarismos contábeis começam a surgir para alegrar especuladores; matérias de jornais aparecem com o " custo país" de produção e valor da força de trabalho; legislação trabalhista sendo compreendida como um entrave ao crescimento.


No Brasil, este jogo explica o "Pato da FIESP" de 2016. O maior centro produtivo do país, São Paulo, destacou-se por rebaixar o ambiente político nacional.


Via de regra corrupção virou sinônimo de carga tributária e entraves trabalhistas. A FIESP se articulou para eliminar as barreiras que acreditava ser centrais para o aumento da margem de lucro e quem sabe da produtividade.


No entanto, não encostou em questões ligadas ao fenômeno China e Argentina, aquela ligada à forte competitividade internacional na área industrial e essa apresentando sinais de recuperação industrial e diminuição dos rombos na balança de pagamentos com o Brasil.


Ou seja, o curso da desindustrialização exigia uma política industrial calcada na proteção de setores estratégicos da indústria nacional: como energia, têxteis, químicos e telecomunicações. Mas o Brasil está inserido até o pescoço em uma agenda internacional liberalizante em que o produto nacional e o internacional não fazem distinção.


Na prática, a FIESP se articulou para sua própria decadência. Erro grosseiro, mas que atende aos seus setores internos ligados ao mercado financeiro. Lembrem-se: faz-se dinheiro especulando.


Precisamos conectar a política nacional com o sistema mundo


Obs: A relação Brasil-China é potencialmente estratégica para o Brasil. Não devemos rebaixar a discussão, pois há profundos potenciais bilaterais entre ambos os países, inclusive na área de energia, aeroespacial e agricultura.


Seguimos.


Rafael Consentino

Graduado em História pelo CUFSA - Fundação Santo André

Graduado em Filosofia pela UFABC- Universidade Federal do ABC

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