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Rosa Luxemburgo - Socialista e Revolucionária

  • Clarice Catenaci
  • 6 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

As ruínas, nos braços.

Para o Nada levamos,

E lamentamos

Perdidos brilhos.

Ó tu! Potente,

Dos térreos filhos,

Mais resplendente

Reergue-o em teus pensares!

(Goethe, em Fausto)

Em 05 de março de 1871, na Polônia, nascia Rosa Luxemburgo.

Rosa presenciou a construção do primeiro grande partido socialista de massas na Alemanha e participou da fundação do partido socialdemocrata em seu país de origem. Foi membro do Partido Operário Social-Democrata Russo, membro do Partido Socialista Polonês. Muda-se para Alemanha e se filia ao Partido Social-Democrata alemão.

Inserida num contexto social de grande ascensão da luta de classes, aponta, em toda sua trajetória de vida, a necessidade de vincular os desdobramentos teóricos de Karl Marx e a práxis, recusando as tradições paralisantes. Nas experiências da socialdemocracia, Rosa se forma. Lá, foi dirigente, militante, e também professora. Deixa marcado, tanto na teoria, como na prática, divergências com o partido, faz intensas críticas aos processos burocráticos de sua constituição e levanta polêmicas sobre as estratégias de luta pelo socialismo. Neste bojo, trava debates e profundas oposições com Eduard Bernstein, teórico da socialdemocracia.

Economista e filósofa, estudou o desenvolvimento industrial da Polônia em 1897 em sua tese de doutorado. Nesta obra econômica, disserta acerca da integração da indústria polonesa ao mercado russo. Em 1898/1899, escreve Reforma Social ou Revolução?, com o seguinte questionamento: seria possível superar a sociedade capitalista sem uma revolução radical de suas estruturas? Neste conjunto de artigos, ela marca sua visão divergente às teses reformistas e levanta polêmicas sobre as estratégias e táticas a serem seguidas pela socialdemocracia. Rosa estava comprometida em combater a visão de que era possível uma transformação gradual do capitalismo ao socialismo, consolidando, assim, a importância de uma ruptura revolucionária. Principia nestes artigos um ensaio geral, preliminar, de sua teoria de crises do capitalismo.

Em 1903, escreve Paralisia e progresso do marxismo, onde refuta a ideia do marxismo como teoria acabada. Debruça seus estudos nas tendências cíclicas das crises capitalistas e suas eclosões periódicas. Em Acumulação do Capital, 1913, disserta sobre a expansão internacional do capitalismo e em Introdução à economia política, publicado somente em 1925, elabora uma sistematização partir de um curso ministrado na escola de quadros da socialdemocracia alemã.

Rosa lidou com os desafios que o tempo histórico impõe e com a presente interrogação entre a verificação das problemáticas e as probabilidades de safar-se delas: propõe, durante a Revolução Russa, uma solução de massas que destruísse os alicerces do Estado burguês e que identificasse um novo poder baseado nos conselhos de operários e soldados, firmando sua critica as estruturas rígidas e distantes da dinâmica dos movimentos de massas.

Rompe com o partido socialdemocrata em 1914. Articula a formação de um grupo internacional no mesmo ano, que adotará o nome de Liga Spartakus, buscando a democracia de base e o diálogo com o movimento operário. Em 1915 Rosa é presa, acusada de agitação antimilitarista, porém continua escrevendo clandestinamente e contribuindo. Participa da manifestação de Primeiro de Maio e é presa novamente em 1916, em “prisão preventiva”. Em 1919, após a saída do encarceramento, participa da fundação do Partido Comunista Alemão.

No dia 15 de janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo é assassinada por tropas do governo alemão.

Não se pretende findar, sequer minimizar ou verticalizar diálogos sobre as obras de Rosa Luxemburgo e suas apreensões do real, ao contrário, no intuito de fomentar e expandir seu aprofundamento, com desafios de classe, novos ou antigos, propõe-se este breve levantamento biográfico. Para assim, não “ressuscitarmos” seu cadáver, nem “entificá-lo”, contudo fazer presente e pulsante, seu ideal e práxis.

Livros consultados:

Rosa Luxemburgo – textos escolhidos (Editora Unesp);

Rosa, A vermelha (Editora Buscavida);

Reforma Social ou Revolução? Rosa Luxemburgo (Global Editora)

A Acumulação do Capital, Rosa Luxemburgo – Os economistas (Nova Cultural).

Clarice Catenaci

Graduada em Ciências Sociais pela CUFSA - Fundação Santo André

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