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Candido Portinari nasceu em Brodowski, uma pequena cidade no interior paulista, em 30 de dezembro de 1903. Foi um dos pintores brasileiros que conseguiu maior projeção internacional e em vida foi considerado um dos principais nomes da pintura mundial.
Filho de um casal de imigrantes italianos, Portinari teve uma infância pobre, cresceu numa fazenda de café e não completou o ensino primário, porém desde pequeno mostrou um grande interesse pelas artes. Conseguiu com muito esforço em 1919, aos 15 anos, se matricular na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro para estudar. Aos poucos Portinari vai conseguindo ter seus trabalhos reconhecidos pela imprensa em mostras e exposições no Rio de Janeiro.
Em 1928 Portinari conquista o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Belas-Artes, com o Retrato de “Olegário Mariano”. Portinari parte para Europa em 1929 e permanece em Paris por todo o ano de 1930 e retorna ao Brasil em 1931. Durante sua estadia na Europa, conhece sua esposa a uruguaia Maria Martinelli, que irá lhe acompanhar por toda a sua vida, e viaja por diversas cidades europeias, entrando em contato com o que era produzido artisticamente no velho mundo.
Ao retornar ao Brasil, Portinari se dedica a retratar o Brasil, o povo brasileiro e os temas sociais, na sua obra terão destaque a pobreza, os trabalhadores, os costumes e a história do nosso país. Em suas próprias palavras Portinari nos diz: “Estou com os que acham que não há arte neutra. Mesmo sem nenhuma intenção do pintor, o quadro indica sempre um sentido social”.[1]
No final da década de 30 Portinari começa a ter grande exposição nos EUA, com exposições de suas obras em diversas localidades, inclusive no Museu de Arte de Moderna de Nova York, com grande sucesso de critica, venda e público, inclusive é a Universidade de Chicago que publica o primeiro livro sobre o autor “Portinari, His Life and Art”.
Em 1945 Portinari se filia ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e é candidato a Deputado Federal pelo partido ao lado de nomes como o de Jorge Amado e Caio Prado Jr., mas não consegue se eleger. E em 1947 sai candidato a Senador por São Paulo (com apoio inclusive do poeta chileno Pablo Neruda) contra o industrial Roberto Simonsen (PSD) e perde a eleição, porém a suspeita de fraude nessa eleição se mantém até hoje, já que neste ano começa a se delinear uma “caça as bruxas” contra os comunistas. Portinari ficou conhecido como o “senador furtado”.
Em 1947 é cassado o registro do PCB, na esteira da perseguição aos comunistas que se inicia com a Guerra Fria, e todos os deputados comunistas perdem seus mandatos e há repressão aos sindicatos. Nesse momento Portinari resolve se exiliar no Uruguai, permanecendo no país durante algum tempo.
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Criança Morta - Candido Portinari
Em 1952 Portinari recebe o convite da ONU para produzir dois painéis para serem permanentemente expostos no Hall de entrada do edifício sede da organização em Nova York, ele propõe como tema da obra “Guerra e Paz”. A obra levou quatro anos para ser finalizada, tendo cada painel 14mx10m e os dois somados pesavam uma tonelada. A inauguração ficou marcada para o dia 6 de setembro de 1957, porém Portinari não participa da inauguração da tela por que é barrado de entrar nos EUA por ser comunista.
Em 1954 Portinari começa a ter problemas de saúde por causa de uma intoxicação causada pelas tintas que utilizava em suas obras, porém ele se recusa a parar de pintar e continua seu trabalho. Candido Portinari falece em 1962 devido a intoxicação no Rio de Janeiro.
Candido Portinari deixou uma obra imensa em que retrata de forma profunda e complexa os sentimentos e dificuldades do povo brasileiro, uma obra com uma forte temática social que nos diz muito sobre o nosso país até os dias de hoje. Entre suas obras mais famosas estão “O Lavrador de Café”, “Retirantes”, “Mestiço”, “Criança Morta”, “Tiradentes”, “Primeira Missa no Brasil” entre outras.
Em entrevista ao amigo e poeta Vinicius de Moraes em 1953, Portinari fala:
“Vinícius
– Como chegou você à posição política?
Portinari
– Não pretendo entender de política. Minhas convicções, que são fundas, cheguei a elas por força da minha infância pobre, de minha vida de trabalho e luta, e porque sou um artista. Tenho pena dos que sofrem, e gostaria de ajudar a remediar a injustiça social existente. Qualquer artista consciente sente o mesmo…”
[1] CAPISTRANO, Antônio. Cândido Portinari, um grande Comunista. Site: http://www.vermelho.org.br/noticia/143624-1
Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA - Fundação Santo André
Graduando em Biblioteconomia pela USP - Universidade de São Paulo