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  • Renan Beltrame

Os Deuses e os Mortos. Criando um Cinema Transcendental.


Filme: Os Deuses e os Mortos / Direção: Ruy Guerra / Ano de lançamento: 1970

Que Brasil é esse em que vivemos?

Uma pergunta genérica, que pode – e deve – ser formulada em qualquer período da História. Em cada momento em que ela for feita, características muito particulares ao contexto em que for colocada, surgirão como parte da resposta.

Entretanto, elementos fundantes da sociedade brasileira poderão ser vistos em qualquer período em que a análise sobre o país for realizada.

Os Deuses e os Mortos pode ser entendido como uma dessas análises sobre a sociedade brasileira, que apresenta alguns de seus elementos fundantes. Quais? A subordinação da economia ao capital internacional, a violência institucionalizada e arraigada, tanto em seu aspecto mais concreto (a surra e o tiro), quanto em seus aspectos psicológicos, morais e subjetivos.

E a grandiosidade do trabalho de Ruy Guerra na direção deste filme, está no fato do diretor conduzir uma linguagem cênica que beira o expressionismo, construir uma narrativa com elementos que se aproximam do realismo fantástico explorando relações sociais e comportamentos individuais, que, dispostos em cenas que criam situações contextualizadas além da realidade sensível, dão à obra uma atmosfera transcendental.

A partir do filme, é possível alterar a pergunta feita originalmente, para: Que miséria é essa que constitui um país, nos traga e regurgita?

Nos dói tratar a pergunta fundamental sobre a constituição de nossa sociedade dessa maneira, não é mesmo?

Dói, mas é necessária para pensarmos e praticarmos as formas de transformação, individuais e social.

Não por outro motivo, se faz necessário assistir ao Os Deuses e os Mortos.

(Obs.: Milton Nascimento faz parte do elenco desta produção. Junto com a banda Som Imaginário faz a trilha sonora do filme. Quem se interessar pelo filme, pode ouvir ao disco O Milagre dos Peixes – sensacional! – que traz as músicas compostas para essa trilha, e muito mais – a transcendentalidade é uma das marcas do disco também).

Renan Beltrame Graduado em História pelo CUFSA - Centro Universitário Fundação Santo André

Mestre em Educação pela Universidade Metodista

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