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Graciliano Ramos - Escritor e Comunista

Foto do escritor: Max MarianekMax Marianek

Atualizado: 26 de mai. de 2021


A literatura é revolucionária em essência, e não pelo estilo do panfleto” – Graciliano Ramos

Muitos não sabem, mas Graciliano Ramos autor de Vidas Secas, Caetés, São Bernardo, Angústia, Infância, entre outros livros era um militante comunista. Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho primogênito de dezesseis irmãos, seus pais eram Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Durante sua infância Graciliano morou em diversas cidades do sertão nordestino e desde pequeno demonstrou predileção pelas letras e a partir dos doze anos de idade passou a se envolver com a publicação de jornais e sonetos.

Em 1933 Graciliano lança seu primeiro livro, Caetés, que vinha escrevendo desde 1925, e em 1934 lança o livro São Bernardo. Em 1936 é preso durante a ditadura Vargas por ter “ideias subversivas” já que o conteúdo da sua obra era marcado por um forte teor de crítica social, apesar de na época Graciliano não ser militante do PCB e não ser um marxista declarado. Assim cai nas garras da repressão na esteira da perseguição que explodiu no país depois da Insurreição Comunista em 1935. Durante os dois anos da sua prisão o velho Graça não entende o por que da sua prisão, já que era em suas palavras apenas “um pacato homem do interior, metido a escritor" e não tinha realizado nenhum ato transgressor ou se envolvido com o PCB. Porém durante a prisão se aproxima dos coletivos de comunistas que se formaram pelas prisões em que passou, essa experiência ficou gravada no seu livro publicado postumamente Memórias do Cárcere, esse contato com os comunistas nos presídios aproximou Graciliano do partido. E após a pressão de artistas como Jorge Amado, José Lins do Rego e outros mais, Graciliano é solto em janeiro de 1937, sem provas que o ligassem a Insurreição de 1935.

Em agosto de 1937 Graciliano lança sua obra Angústia, e por este trabalho ganha o prêmio “Lima Barreto” da Revista Acadêmica .

E em 1938 lança seu trabalho mais celebre, Vidas Secas. Graciliano iniciou esse trabalho cem dias após ser libertado da prisão da ditadura varguista. Ele escreveu um conto baseado no sacrifico de um cachorro que presenciara quando criança no sertão (capitulo do sacrifico da cachorra Baleia), por conta da boa recepção resolveu desenvolver a história.

Em 1942 lança em parceria com Jorge Amado, Jose Lins do Rego, Anibal Machado e Raquel de Queiroz, Brandão Entre o Mar e o Amor. Em 1944 lança o livro infantil Histórias de Alexandre.

Em 18 de agosto de 1945 ocorre a filiação formal de Graciliano ao PCB, durante um dos pouquíssimos períodos em que o partido esteve legalizado no país. Durante o ano de 1945 são lançados também seus livros Dois Dedos e Infância (livro de memórias).

Durante um período da sua militância, Graciliano atuou na célula Theodore Dreisser (nome em homenagem a um escritor norte-americano) em que levanta uma proposta muito interessante. A sua ideia era a “de utilizar a organização partidária, sobretudo a célula Theodore Dreiser, para descobrir talentosos escritores no interior do país, pois considerava que a literatura não deveria permanecer circunscrita a uma classe social. Propunha que o partido, por meio do sistema de células partidárias ramificadas por todos os estados, recolhesse páginas escritas por estudantes, operários, comerciantes, marinheiros, enfim por aqueles que tivessem talento. O material coletado deveria ser encaminhado para célula Theodore Dreisser que, ao localizar um possível talento, se encarregaria de prepara-lo com cursos para lança-lo à carreira literária” [1] Durante o ano de 1947 auxilia a campanha a vereador do comunista Astrojildo Pereira no Rio de Janeiro. Em 1947 também lança o livro de contos Insônia. Em 1951 é eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores, sendo reeleito em 1952. Em abril deste mesmo ano vai a Tcheco-Eslováquia e a Rússia, dessa visita surge o livro Viagem em que relata suas impressões sobre o leste europeu, esse livro também é lançado postumamente, em 1954. Graciliano Ramos morreu em janeiro de 1953.

Fecho este texto, com o relato de uma conversa do velho Graça com o dono de um dos jornais em que trabalhou.

Paulo Bittencourt gostava de provocar Graciliano por suas ideias socialistas. Quando o Correio da Manhã recebeu novas máquinas, Paulo o alfinetaria:

- Imagine se vocês fizessem uma revolução e vencessem. Todo esse parque gráfico seria destruído.

Graciliano o cortaria:

- Só um burro ou um louco poderia pensar isto. Se fizéssemos a revolução e vencêssemos, só ia acontecer uma coisa. Em vez de você andar por aí, viajando pela Europa, gastando dinheiro com mulheres, teria que ficar sentadinho no seu canto trabalhando como todos nós”. [2]

[1] SOTANA, Edvaldo Correa. A militância Comunista do Escritor Graciliano Ramos. In: Revista Espaço Acadêmico , N°61, Junho,2006. Site: http://www.espacoacademico.com.br/061/61sotana.htm

[2] MOTA, Uraniano. Graciliano Ramos, um escritor comunista. Site: http://www.vermelho.org.br/noticia/197435-1

Max Marianek

Graduado em História pela CUFSA - Fundação Santo André

Graduando em Biblioteconomia pela USP - Universidade de São Paulo

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