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  • Foto do escritorMax Marianek

A Saída de Freixo do PSOL



Neste fim de semana, o deputado federal Marcelo Freixo anunciou sua saída do PSOL e sua migração para o PSB, para tentar disputar a eleição de 2022 para governador do RJ, com apoio de Lula e do PT. A pouco tempo Jean Willys também anunciou sua saída do PSOL e sua filiação ao Partido dos Trabalhadores.

A partir destes fatos podemos fazer duas observações.


1 - Freixo sai do PSOL para abraçar completamente a tática da Frente Ampla e a eleição de 2022 como resposta à crise política que vivemos (algo que boa parte do PSOL também alimenta).


Esta aposta de Freixo, de Lula, Ciro Gomes e de outros setores da esquerda, parte da crença errônea nos "princípios democráticos e republicanos” de uma burguesia que jamais foi democrática e republicana, basta darmos uma pequena olhada na história nacional para comprovarmos esta constatação. A elite brasileira e a direita liberal não hesitaram em apoiar o golpe de 1964 e recentemente não hesitaram em apoiar o golpe sobre o governo Dilma e a prisão fraudulenta de Lula.


Para a tática da Frente Ampla dar certo, o pressuposto básico é de que a direita e a burguesia desejam realizar uma aliança e este não é o quadro atual. Além de algumas divergências pontuais, os setores dominantes continuam com o presidente (como mostrou o jantar de Bolsonaro com diversos empresários que o ovacionaram).


Bolsonaro ainda tem uma carta na manga extremamente importante para a burguesia, ele tem o apoio do exército (e das polícias estaduais) e os atuais acontecimentos, como o perdão de Pazuello pelo comando militar, jogaram por terra as últimas esperanças daqueles que ainda acreditavam haver um setor legalista e democrático no exército.


A priorização das negociações eleitorais parte de um pressuposto equivocado, de que a burguesia nacional e a elite política estariam dispostas a romper com o bolsonarismo, para se aproximarem de um projeto mais popular, em um momento de grave crise econômica e social, em que medidas mais profundas de arrocho se fazem necessárias da perspectiva do capital.


Esta tática também ignora completamente a contínua organização de um golpe por parte de Bolsonaro. O genocida deixa claro que não irá respeitar os resultados da eleição, se ele não for derrubado por um grande movimento de massas, a eleição não limpará o terreno da ameaça fascista.


Por fim, tal proposta trafica com a vida dos brasileiros, jogando para 2022 a luta para retirar Bolsonaro do poder. Permitir que o miliciano continue agindo, matando milhares de pessoas durante mais um ano é um atentado contra o povo brasileiro, devemos nos concentrar na luta para retirar Bolsonaro agora!


2 - PSOL entra/entrará em um processo de luta interna profunda.


O PSOL surge no cenário político como uma proposta de crítica ao petismo, uma contestação pela esquerda dos governos Lula e Dilma, afirmando sua identidade nesses anos como uma alternativa dentro do campo progressista ao programa de conciliação do lulismo.


Apesar de surgir com autonomia política perante sua matriz, o PSOL manteve uma organização idêntica à do PT: uma estrutura de partido de tendências. Manteve também muito dos pressupostos ideológicos de sua alma matter, como por exemplo, a luta por um socialismo democrático extremamente difuso e a aposta nos valores republicanos em um país colonial.


Para se manter como ente autônomo, tendo praticamente as mesmas características de sua matriz, era essencial ao PSOL manter sua independência política reafirmando suas diferenças com o PT , mas ao ser cada vez mais atraído para uma aliança com Lula, e se aproximando cada vez mais novamente do petismo na luta política imediata e eleitoral, o partido perde o seu motivo de ser original, de crítica de esquerda ao PT, o que irá gerar, com certeza, uma crise profunda.


Esta percepção deve estar passando pela cabeça de muitos militantes: se a forma organizacional é a mesma do PT, se as propostas ideológicas são bem próximas em suas linhas gerais, e se o PSOL se reaproxima de sua matriz na linha política, por que permanecer no partido? Por que não voltar ao PT? (Isto apesar da falência da estratégia democrático-popular do petismo)


Independente de qual corrente sair vencedora para a eleição de 2022, as que desejam apoiar Lula desde o primeiro turno ou as que defendem uma candidatura própria, o partido deverá sair fraturado deste embate e vivendo uma crise existencial.


Max Marianek

Graduado em História pela CUFSA - Fundação Santo André

Graduando em Biblioteconomia pela USP

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