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29 de maio representou, talvez, um ponto de virada, uma investida contra uma política mortífera que a cada dia ceifa pessoas que amamos. Nem todos puderam ou quiseram ir. Tudo bem, mas mesmo assim o ato foi enorme e nacional.
Manifestações são eventos simbólicos e práticos que buscam uma ressonância; o efeito multiplicador do 29 de maio pode significar uma aceleração do impeachment de Bolsonaro. Talvez uma pressionada na CPI, mas o alvo com certeza não foi esse ritualismo duvidoso. A dinâmica foi na rua.
Os próximos dias e semanas serão decisivos para o controle da pauta de discussão. A esquerda (em vários níveis) ganhou espaço e mostrou força. Setores ligados à grupos socialistas ganharam uma relevância interessante. Por outro lado, figuras estratégicas da política mantiveram silêncio em relação ao ato.
É digno de todos da esquerda reconhecer pelo menos o efeito do processo. Questões sanitárias barraram muitos a aderir ao ato: razoável, entretanto - e como já dito aqui - há de se reconhecer os efeitos de quem se propôs corajosamente a se arriscar.
Os grandes jornais nada dizem, mas parece que esse também não era o foco do 29M. As ruas sempre têm muito a dizer sobre política.
Rafael Consentino
Graduado em História pelo CUFSA - Fundação Santo André
Graduado em Filosofia pela UFABC - Universidade Federal do ABC
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