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Teich exonera o cargo e amplia a crise política no governo Bolsonaro.
Brincadeiras à parte, o patético ex-ministro da saúde, Nelson Teich, realizou o seu único ato louvável: sair do governo Jair Bolsonaro e demonstrar, novamente, a incapacidade de qualquer ajuste republicano sob o controle deste abjeto.
Sabemos que a grande apunhalada em Teich foi o decreto de ampliação das atividades essenciais ( pasmem, academias...) e também a insistente interferência do presidente nas decisões administrativas e clínicas da pandemia.
Bolsonaro nunca governou tal qual os ritos simbólicos republicanos e sua cartilha de " bons modos"; é um pragmático que generalizou técnicas de negociação local. Na verdade, "o Jair" nunca abandonou sua imagem e dependência com a " pequena política carioca" ( entendedores, entenderão).
Sua insistência em obsessiva centralização política e controle detalhado das forças policiais, encontram eco, nos porões de Brasília, partilhados por fardados e engravatados. Comandar por meio de decretos é carta dourada nas mãos de qualquer presidente no Brasil, imaginem nas do Jair.
A saída de Teich representa o colapso republicano do governo e percebam que a palavra democracia já não é mais adequada à discussão. A exoneração é símbolo de que as aparências de convívio e normalidade institucional estão acabando.
Cada vez mais Bolsonaro se aproxima de sua verdadeira vocação autoritária. O colapso do governo levará a Republica ( já cambaliante, desde 2016) a sua ruína.
Neste caso, não há o que comemorar: o bolsonarismo é um legado que marcou profundamente o pensamento político brasileiro, atingiu instituições e produziu movimentos espontâneos. Sua saída por via de um impeachment torna-se necessária, mas tolo é aquele que acredita que curará uma metástase com cirurgias clínicas.
Tal qual a covid, talvez conviveremos com algumas ondas bolsonaristas e seus ectoparasitas nos próximos anos.
Teich sai do governo para entrar para história como um patético fantoche. No meio disto tudo, ainda temos que pensar sobre o controle da pandemia.
Rafael Consentino
Graduado em História pelo CUFSA - Fundação Santo André
Graduado em Filosofia pela UFABC- Universidade Federal do ABC