top of page
  • Rafael Consentino

A Queda de Teich e o Fim das Aparências Republicanas


Teich exonera o cargo e amplia a crise política no governo Bolsonaro.


Brincadeiras à parte, o patético ex-ministro da saúde, Nelson Teich, realizou o seu único ato louvável: sair do governo Jair Bolsonaro e demonstrar, novamente, a incapacidade de qualquer ajuste republicano sob o controle deste abjeto.


Sabemos que a grande apunhalada em Teich foi o decreto de ampliação das atividades essenciais ( pasmem, academias...) e também a insistente interferência do presidente nas decisões administrativas e clínicas da pandemia.


Bolsonaro nunca governou tal qual os ritos simbólicos republicanos e sua cartilha de " bons modos"; é um pragmático que generalizou técnicas de negociação local. Na verdade, "o Jair" nunca abandonou sua imagem e dependência com a " pequena política carioca" ( entendedores, entenderão).


Sua insistência em obsessiva centralização política e controle detalhado das forças policiais, encontram eco, nos porões de Brasília, partilhados por fardados e engravatados. Comandar por meio de decretos é carta dourada nas mãos de qualquer presidente no Brasil, imaginem nas do Jair.


A saída de Teich representa o colapso republicano do governo e percebam que a palavra democracia já não é mais adequada à discussão. A exoneração é símbolo de que as aparências de convívio e normalidade institucional estão acabando.


Cada vez mais Bolsonaro se aproxima de sua verdadeira vocação autoritária. O colapso do governo levará a Republica ( já cambaliante, desde 2016) a sua ruína.

Neste caso, não há o que comemorar: o bolsonarismo é um legado que marcou profundamente o pensamento político brasileiro, atingiu instituições e produziu movimentos espontâneos. Sua saída por via de um impeachment torna-se necessária, mas tolo é aquele que acredita que curará uma metástase com cirurgias clínicas.


Tal qual a covid, talvez conviveremos com algumas ondas bolsonaristas e seus ectoparasitas nos próximos anos.


Teich sai do governo para entrar para história como um patético fantoche. No meio disto tudo, ainda temos que pensar sobre o controle da pandemia.


Rafael Consentino


Graduado em História pelo CUFSA - Fundação Santo André

Graduado em Filosofia pela UFABC- Universidade Federal do ABC

10 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page